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A diretora da APEOSP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Sandra Arce, confirmou a realização de uma grande mobilização estadual no próximo dia 17 de dezembro, na Praça da República, região central da capital paulista. O ato reunirá professores, diretores, pais, alunos e representantes da comunidade escolar de diversas regiões do Estado, em protesto contra resoluções recentes do Governo do Estado que, segundo a categoria, vêm precarizando a educação pública e a carreira docente.
A programação começa logo pela manhã, com reuniões internas da APEOSP, encontros com pais e responsáveis, além de debates abertos à comunidade, especialmente sobre a educação de alunos com necessidades especiais. No período da tarde, está previsto um ato público unificado, que também marcará a luta contra a violência à mulher, pauta considerada central pela entidade, já que a maioria dos profissionais da educação é composta por mulheres.
Um dos temas mais sensíveis abordados por Sandra Arce diz respeito às mudanças na política de inclusão de alunos autistas na rede estadual. Segundo ela, o governo pretende substituir profissionais especializados por monitores sem formação específica, o que contraria princípios básicos da educação inclusiva.
“O aluno autista precisa de acompanhamento especializado e, muitas vezes, individualizado dentro da sala de aula. Para cuidar, para educar, é necessário conhecimento técnico e pedagógico. Não é isso que está previsto nas novas resoluções”, afirmou a dirigente.
A APEOSP alerta que a ausência de profissionais qualificados compromete tanto o aprendizado do aluno quanto o trabalho do professor, além de ferir legislações já existentes que garantem atendimento adequado aos estudantes com deficiência.
Outro ponto de forte contestação é o novo modelo de avaliação e permanência de professores, especialmente nas escolas de período integral. Atualmente, docentes estão sendo submetidos a entrevistas e avaliações que definirão se continuarão ou não nas unidades escolares no próximo ano.
Embora a APEOSP não seja contrária à avaliação, Sandra Arce ressalta que o processo vem sendo conduzido sem critérios claros e justos.
“Não somos contra a avaliação. Somos contra avaliações que viram uma caça às bruxas. Sem formação adequada, sem condições de trabalho, não se pode responsabilizar apenas o professor”, destacou.
A dirigente também criticou a utilização de avaliações feitas por alunos, apontando a falta de maturidade para esse tipo de julgamento e o risco de perseguições injustas a docentes.
As mudanças atingem ainda os diretores de escola, inclusive aqueles que são concursados. Segundo a APEOSP, novas resoluções permitem que diretores sejam retirados de suas funções caso metas estabelecidas pelo governo não sejam atingidas, desconsiderando sua estabilidade garantida por concurso público.
“Diretores concursados estão sendo tratados como se não tivessem direitos. Isso fere o Estatuto do Magistério e toda a legislação que rege a carreira”, afirmou Sandra Arce, que é diretora de escola aposentada.
A manifestação do dia 17 terá caráter estadual, com a convocação de educadores de todas as regiões de São Paulo. Em Andradina, a APEOSP informou que um ônibus sairá no dia 16, em frente ao sindicato, levando professores da cidade e da região para participar do ato na capital.
Parlamentares estaduais e entidades ligadas à educação acompanham a situação e tentam barrar as resoluções por meio de reuniões e articulações na Assembleia Legislativa. Ainda assim, a entidade reforça que a mobilização popular é decisiva.
“O povo na rua faz a diferença. É assim que podemos evitar mais estrangulamento da educação pública”, reforçou a dirigente.
Ao final da entrevista, Sandra Arce fez um chamado direto à categoria e à sociedade:
“No dia 17, todos na Praça da República. Pela valorização do professor, pela educação pública de qualidade, pela inclusão, pelo respeito às mulheres e contra a violência que nossa categoria sofre diariamente.”
A APEOSP informou que seguirá divulgando orientações oficiais sobre a mobilização e novos desdobramentos do diálogo com o Governo do Estado.
Confira a entrevista na Integra: